A (In)Segurança Pública de Sergipe e o abandono do Governo Belivaldo
“Falar em reajuste de salários dos servidores públicos seria brincar com o perigo”. Essa frase pronunciada no último dia 13 de fevereiro pelo secretário estadual da Fazenda, Marco Antônio Queiroz, sinalizou aos profissionais da Segurança Pública, em especial aos policiais civis, mais um ano sem perspectivas positivas para os homens e mulheres que arriscam diariamente suas vidas no combate à corrupção, criminalidade e violência em Sergipe. Mesmo com a receita tendo aumentado, o Governo Belivaldo ainda não conseguiu o básico de uma gestão: a folha do pagamento do servidor dentro do próprio mês de pagamento. E mais: o pagamento devido das revisões inflacionárias.
A frase do secretário ora citado levou diversos policiais civis a procurarem o Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe (Sinpol/SE) para expressar indignação, raiva, incerteza, revolta e desespero. Como policiais, compreendemos muito bem e na prática o significado do termo “brincar com o perigo” mencionada há poucos dias pelo Governo do menor estado do país e que conta com uma Polícia Civil que é referência nacional na qualidade técnica de seus trabalhos. São excelentes profissionais que hoje estão desmotivados, desvalorizados e que são obrigados a ouvir que a sonegação fiscal é um fator preponderante para justificar a ausência de reajuste salarial decente aos servidores públicos.
Pois bem. Brincar com o perigo é duvidar da capacidade de mobilização e união dos profissionais da Segurança Pública. Brincar com o perigo é Sergipe continuar sendo destaque nacional anualmente entre os lugares mais violentos do Brasil. É o Governo continuar fingindo que conta com Políticas Públicas sérias voltadas para a pasta. É acreditar que um Governo comprometido com a sociedade não deva priorizar a Segurança Pública. É querer jogar o servidor público contra as demais categorias de trabalhadores para justificar a má gestão nas despesas do estado. Brincar com o perigo é acreditar que os policiais civis e demais servidores públicos irão suportar toda duração do Governo Belivaldo sem reajuste salarial, sem revisões inflacionárias, sem diálogo, sem lutas. Brincar com o perigo é massacrar justamente aqueles que são responsáveis por investigar e elucidar os crimes diários que ocorrem em nosso estado.
Abandono, descaso, má vontade ou inexperiência em gestão. Qualquer possibilidade aponta que Segurança Pública não é prioridade do Governo Belivaldo. A informação de crise financeira circula em todo o país, mas há estados que priorizam os serviços prestados ao cidadão e reajustam salários devidamente, a exemplo recente da Paraíba e Minas Gerais.
Os policiais civis, por exemplo, lutam por situações básicas na carreira por meio do sindicato e nenhuma resposta ainda tiveram: reposição inflacionária, fusão dos cargos da base da Polícia Civil, redução do tempo que o policial demora a ser promovido na carreira, além de auxílio alimentação e auxílio saúde, que os demais profissionais da área recebem e os policiais civis não.
Brincar com o perigo é trabalhar em uma profissão de alto risco e sair de casa sem saber se retornará aos seus familiares. É desconhecer os problemas financeiros e psicossociais que afligem os profissionais da Segurança Pública. Brincar com o perigo, por fim, é duvidar da capacidade do cidadão em perceber que Sergipe vem mudando para pior. Levante a mão aquele que se sente totalmente seguro vivendo aqui.
Seguimos na luta!
Adriano Bandeira
Presidente do Sinpol/SE