Governador Belivaldo: retrato do gestor que não conhece a realidade da Segurança Pública em Sergipe
Por Adriano Bandeira,
presidente do Sinpol Sergipe
Todo trabalhador luta por melhorias, independente da área em que desempenha suas atividades. Para os policiais civis, policiais militares e bombeiros militares de Sergipe essa luta por valorização, respeito e dignidade tem sido permanente ao longo da gestão do Governo de Belivaldo Chagas. Entretanto, ainda sem nenhum resultado satisfatório para os homens e mulheres que arriscam suas vidas diariamente nos 75 municípios em defesa da sociedade. Estamos diante de um Governo inerte às aflições destes profissionais e que busca silenciar a nossa voz que clama por direitos e garantias constitucionais.
Estamos cientes da atividade perigosa e arriscada que escolhemos abraçar em nossa trajetória profissional. Nossa luta pelo adicional de periculosidade não é aleatória: é direito nosso garantido na Constituição Federal e na Constituição Estadual. Além disso, não recebemos reajuste salarial nem reposições inflacionárias anuais há dez anos. Qual trabalhador suporta esse tempo todo sem nenhum reajuste em seu salário?
Nossos colegas estão trabalhando em “bicos” e outros fazem horas extras em suas instituições para complementar o salário do mês e honrar com seus débitos. E óbvio: não é verdade que todos os policiais e bombeiros do estado recebem R$ 25 mil por mês como o governador Belivaldo tentou equivocadamente convencer o público em entrevista de rádio concedida recentemente. Ou o governador está desinformado ou expressou a falsa informação sem perceber. Ocorre que essa afirmação absurda causou uma revolta generalizada entre os policiais civis, policiais militares e bombeiros militares de Sergipe.
O governador Belivaldo pode até não querer dialogar mas precisa compreender que já passamos da fase das falsas promessas, enganosas mesas de negociação e tentativas de enfraquecer o Movimento Polícia Unida. Não adianta o Governo boicotar nossas intervenções nos meios de comunicação nem convocar pseudoaliados na tentativa de desgastar e enfraquecer o Movimento. Onde houver um policial ou bombeiro em Sergipe, ele está ciente da retirada de direitos que está ocorrendo de forma explícita, covarde e desonrosa.
Agora no segundo semestre de 2021 nos deparamos com o dado de que Sergipe é o terceiro estado com maior taxa de morte violenta intencional a cada 100 mil habitantes. Esse dado do Anuário da Segurança Pública demonstra que estamos distantes de viver em um lugar seguro como muitos equivocadamente imaginam. A taxa de mortes violentas intencionais cresceu 4% no país. A média ficou em 23,6 para cada 100 mil habitantes. Sergipe só perdeu para Ceará (45,2) e Bahia (44,9). Se a situação saiu do controle, acionar a Força Nacional de Segurança Pública novamente é uma opção para o Governo. É preciso enfrentar o problema de frente e reconhecer a fragilidade do momento que atravessamos.
A realidade é que não há política pública efetiva na área da Segurança Pública no menor estado do Brasil. Existem apenas policiais e bombeiros arriscando suas vidas na tentativa de combater a criminalidade, minimizar a violência, confrontar organizações criminosas e salvar vidas. O povo sergipano conta com o profissionalismo de abnegados guerreiros comprometidos com suas missões, ainda que permaneçam invisíveis aos olhos do Governo.
Infelizmente policiais e bombeiros continuam morrendo em Sergipe. Quantos colegas nós perdemos recentemente para a Covid-19 ou quando estavam em serviço? A morte é inevitável e não podemos fugir dela, mas o diálogo é opcional e seguimos esperando que o governador Belivaldo faça sua parte: garantir o adicional de periculosidade aos policiais civis, policiais militares e bombeiros militares. Afinal, após muita tentativa frustrada de negociação e diálogo é que chegamos ao ponto de deflagrar a primeira fase da Operação Polícia Unida.
Não desistiremos de lutar pela garantia dos nossos direitos, independente das atitudes do Governo permeadas de insensibilidade, coerção, desrespeito ou desinformação. Trabalhadores oprimidos não permanecem oprimidos para sempre. Nada como um dia após o outro.