Mulheres na Polícia Civil: adaptação e versatilidade no exercício da profissão

Mulheres na Polícia Civil: adaptação e versatilidade no exercício da profissão

08 de Março se tornou memorável por conta da luta de muitas mulheres e continua sendo uma data a ser celebrada com reivindicações

O número de mulheres na segurança pública ainda é menor em relação aos homens, mas vem crescendo. De acordo com um dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em todo o Brasil, o número de mulheres na Polícia Civil (PC) ultrapassa, proporcionalmente, o número de integrantes femininas da Polícia Militar (PM): 28% contra 11%.

Além de as restrições para a participação feminina serem maiores na Polícia Militar, acredita-se que tal número se deva ao tipo de atividade exercida no exercício da função policial civil. Dentro da instituição, existem funções para os mais variados perfis e as mulheres se mesclam em cada uma delas.

Superação todos os dias

Queren Hapuque entrou para os quadros da Polícia Civil do Estado de Sergipe (PC/SE) há 20 anos. Uma das características mais marcantes do trabalho policial, sem dúvidas, é a dinamicidade, e com Queren não foi diferente. “Achei que não seria possível pois tenho deficiência física desde os 15 anos”, disse.

A escrivã não deixou que nada a atrapalhasse, estudou, passou no concurso realizado no ano de 2002 e, desde então, já atuou em diversas unidades, atendendo ao público externo ou interno. “Todos somos capazes quando queremos exercer a função com dedicação. Fui chefe de cartório por muitos anos e cada inquérito concluído era uma realização para que a injustiça não prosperasse”, afirmou.

 

A voz da experiência

Jussilene Pache chegou aos quadros da Polícia Civil no ano de 1986. Mais conhecida como “Jô Guerreira”, a agente auxiliar não se furta a participar de todo e qualquer evento que beneficie a categoria policial civil na conquista por seus direitos.

Ex-diretora do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe (Sinpol/SE), hoje diretora da Associação Integrada de Mulheres da Segurança Pública em Sergipe (Asimusep/SE), ocupando o terceiro mandato no Comitê do Desarmamento (Desarme-SE) e com 67 anos recém-completados, Jô participa ativamente de manifestações e eventos em prol de seus direitos.

Gênero não mede capacidade

Hoje instrutora credenciada pela Polícia Federal (PF) na Academia de Polícia Civil de Sergipe (Acadepol/SE), Isabella Amorim relata que o gênero ainda precede a competência e que as mulheres ainda são julgadas exclusivamente por isso. Por outro lado, ela discorre sobre suas experiências atuando operacionalmente, no setor administrativo e oferecendo apoio em áreas que precisem da sua expertise.

“O gênero é incapaz de fazer esse tipo de distribuição, existem inúmeras outras variáveis, como a aptidão, a dedicação, o treinamento. Para a mulher estar num bom lugar hoje, ela precisa conquistar isso”, relata.  Isabella conta ainda que é a única da família a seguir carreira policial e que se dedica ao treinamento ao pensar na sua própria segurança e da sua família.

 

O segredo é enfrentar

Leony Alves entrou na Polícia Civil no segundo concurso realizado pela instituição, no ano de 1991. Atuou como agente durante um ano, em seguida foi alocada na função de escrivã ad hoc e chefiou o cartório da sua unidade durante muitos anos. “Eu achava bonito, fiz alguns concursos, dentre eles o da polícia, passei e fui chamada. Sempre trabalhei com esmero, fazia porque gostava”, relatou.

Hoje diretora de Assuntos dos Aposentados do Sinpol/SE, Leony relata uma maior participação das mulheres nos setores táticos e operacionais.

 

 

Conselho para as próximas

Ao ser perguntada sobre um conselho para outras mulheres que pretendem seguir a carreira policial civil, Jô Pache abre um sorriso e deixa a mensagem: “Vá em frente! Minha neta está se preparando, quando me vê, ela fica feliz, quer ser policial e eu incentivo. É muito bom trabalhar em prol do outro que está precisando de você, saber que você está protegendo outra pessoa. Se pudesse voltar (no tempo), eu faria tudo de novo, do mesmo jeitinho, não mudaria nada”.

 

 

 

 

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